Urna eletrônica: segurança e rapidez no processo eleitoral… pelo menos, é essa a imagem que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tenta passar para a população em seu mais novo vídeo divulgado no YouTube.
A falta de transparência dessa instituição é tão grande que desabilitaram até os comentários e likes do vídeo que fala sobre as eleições de 2014! Aliás, algo que é bem característico do seu estilo de “autoritarismo pleno“, deixando bem claro que não lhe interessa ouvir a opinião do eleitor ou de quem quer que seja.
“A autoridade eleitoral só se sente segura
para falar e escrever este monte de disparates, inverdades e falácias
porque não deixa ninguém retrucar e demonstrar suas enganações. (Amilcar
Brunazo Filho) “
para falar e escrever este monte de disparates, inverdades e falácias
porque não deixa ninguém retrucar e demonstrar suas enganações. (Amilcar
Brunazo Filho) “
Ao assistir ao VIDEO, os primeiros pensamentos que surgiram na minha cabeça foram:
– Mas que FDP! #NumFodePorra
– Como é possível dizerem tanta merda em apenas 2 minutos e 45 segundos?!
– Como é possível dizerem tanta merda em apenas 2 minutos e 45 segundos?!
Na mesma hora, resolvi entrar em contato com dois dos maiores
especialistas em urnas eletrônicas no Brasil, o engenheiro da Escola
Politécnica da USP Amilcar Brunazo Filho e o professor da Unicamp Diego Aranha, para saber qual seria a opinião deles a respeito deste vídeo.
especialistas em urnas eletrônicas no Brasil, o engenheiro da Escola
Politécnica da USP Amilcar Brunazo Filho e o professor da Unicamp Diego Aranha, para saber qual seria a opinião deles a respeito deste vídeo.
A opinião de quem realmente entende
De acordo com o engenheiro Amilcar, esse novo vídeo do TSE tem as mesmas velhas “mentiras” e meias-verdades de sempre, e que nós, inclusive o Canal do Otário, já denunciamos e rebatemos.
Uma das questões apontadas por ele, é sobre os tais 31 países que vieram conhecer o sistema em 2010:
– A verdade é que dos mais de 70 países que aqui vieram desde 1996 para conhecer nossas urnas, alguns até a levaram para testar, mas NENHUM adotou esse modelo,
e alguns que os testaram (como Paraguai, Equador, Argentina, México),
abandonaram o modelo e o substituíram por modelos mais TRANSPARENTES.
e alguns que os testaram (como Paraguai, Equador, Argentina, México),
abandonaram o modelo e o substituíram por modelos mais TRANSPARENTES.
E por falar em transparência… ele acrescenta:
– Essa é a segunda mentira do TSE. O modelo das urnas brasileiras é considerado, em todo o mundo, como o modelo que oferece o menor grau de transparência
pois não permite ao eleitor comum conferir para quem foi gravado o seu
voto e nem permite aos fiscais dos partidos acompanharem a apuração
voto-a-voto.
pois não permite ao eleitor comum conferir para quem foi gravado o seu
voto e nem permite aos fiscais dos partidos acompanharem a apuração
voto-a-voto.
– Além dos países latino americanos citados acima, esse
modelo brasileiro já foi abandonado e até proibido em países como:
Alemanha, Holanda, Índia, EUA, Canadá, Bélgica, Rússia, etc. justamente por causa da sua falta de transparência.
modelo brasileiro já foi abandonado e até proibido em países como:
Alemanha, Holanda, Índia, EUA, Canadá, Bélgica, Rússia, etc. justamente por causa da sua falta de transparência.
Quanto a assinatura digital e resumos criptográficos, o engenheiro
Amilcar esclarece que, quando usados corretamente, podem até dar algum
nível de segurança de que um software não foi alterado, porém, “como já
disse o próprio inventor da técnica de assinatura digital (Ronald
Rivest), não se pode garantir que o tal software das urnas [brasileiras], mesmo com uma assinatura digital, esteja livre de erros que possam registrar e contar votos de forma errada“.
Amilcar esclarece que, quando usados corretamente, podem até dar algum
nível de segurança de que um software não foi alterado, porém, “como já
disse o próprio inventor da técnica de assinatura digital (Ronald
Rivest), não se pode garantir que o tal software das urnas [brasileiras], mesmo com uma assinatura digital, esteja livre de erros que possam registrar e contar votos de forma errada“.
O professor Diego Aranha, que foi o coordenador da equipe da UnB que
conseguiu quebrar o sigilo de voto da urna, em testes promovidos pelo
próprio TSE em 2012, reforça a declaração do engenheiro Amilcar:
conseguiu quebrar o sigilo de voto da urna, em testes promovidos pelo
próprio TSE em 2012, reforça a declaração do engenheiro Amilcar:
– Caso os mecanismos de verificação de integridade funcionem a
contento, garante-se apenas a origem do software, não sua correção ou
segurança. Um efeito colateral é que todos os equipamentos
terão exatamente os mesmos erros e vulnerabilidades. Nada substitui
auditoria do software (praticamente impossível na escala de milhões de
linhas [de código] do software brasileiro) ou dos resultados do software
via registro físico de cada voto individual conferido pelo eleitor (sem
fornecer um comprovante de suas escolhas).
contento, garante-se apenas a origem do software, não sua correção ou
segurança. Um efeito colateral é que todos os equipamentos
terão exatamente os mesmos erros e vulnerabilidades. Nada substitui
auditoria do software (praticamente impossível na escala de milhões de
linhas [de código] do software brasileiro) ou dos resultados do software
via registro físico de cada voto individual conferido pelo eleitor (sem
fornecer um comprovante de suas escolhas).
Além disto, ele faz duras críticas a respeito da assinatura e resumos digitais implementados pelo TSE:
– Segundo nossa análise, a forma que o TSE implementou a assinatura e
resumo digitais para verificar a integridade do software de votação
também é equivocada. Enquanto esses mecanismos de segurança exigem
verificação ATIVA por uma parte externa, no caso brasileiro é o próprio
software que se auto-verifica. Desta forma, é trivial produzir software
manipulado que dá a aparência de ser honesto. Software auto-verificável é exatamente como um documento assinado sem reconhecimento de firma, confia-se apenas na palavra do autor do documento como fonte de confiança.
resumo digitais para verificar a integridade do software de votação
também é equivocada. Enquanto esses mecanismos de segurança exigem
verificação ATIVA por uma parte externa, no caso brasileiro é o próprio
software que se auto-verifica. Desta forma, é trivial produzir software
manipulado que dá a aparência de ser honesto. Software auto-verificável é exatamente como um documento assinado sem reconhecimento de firma, confia-se apenas na palavra do autor do documento como fonte de confiança.
O professor destaca também a fragilidade da validade das assinaturas digitais utilizadas pelas urnas eletrônicas:
– A validade das assinaturas digitais depende apenas do sigilo de
chaves privadas compartilhadas em um Estado inteiro e armazenadas sob
uma chave criptográfica compartilhada por todas as urnas eletrônicas
[534 mil no total]. Eu nunca vi segredo contado meio milhão de vezes :)
chaves privadas compartilhadas em um Estado inteiro e armazenadas sob
uma chave criptográfica compartilhada por todas as urnas eletrônicas
[534 mil no total]. Eu nunca vi segredo contado meio milhão de vezes :)
Fraudes
O TSE gosta de repetir o mantra de que, desde a sua implantação, nunca foi detectado fraude nas urnas eletrônicas brasileiras.
– Será mesmo?!
Uma rápida busca no YouTube utilizando-se as palavras: ‘fraudes’ e ‘urnas eletrônicas’… demonstra o contrário! :-/
Que tal esta reportagem do Jornal da Band, que foi ao ar em 24 de
novembro de 2008, apresentando casos de fraude nas Urnas Eletrônicas em
Caxias-MA e em Guarulhos-SP?
novembro de 2008, apresentando casos de fraude nas Urnas Eletrônicas em
Caxias-MA e em Guarulhos-SP?
E esta, em Salvaterra-PA?
Fonte